Coração
Paulista
(Guilherme
Arantes)
Esta
música foi tema do filme "Nasce uma Mulher".
Eu amo você paranóica
seus olhos vidrados e duros
me fazem sofrer (coração paulista)
Eu nego você paranóica
da boca pra fora,
no sangue eu não sei lhe esquecer
(coração paulista)
De dia você paranóica
é uma abelha assassina
em busca de mel e poder
(coração paulista)
De noite você paranóica
persegue o meu sono
onde quer que eu procure me esconder
(coração paulista)
Oh, baby, o que é que me prende a você?
Oh, baby, o que é que me prende a você?
Eu vejo você paranóica
mais branca que a luz de mercúrio
a resplandecer (coração paulista)
eu sinto você paranóica
no fundo de um túnel, num pátio
de trens
a correr (coração paulista)
Escuto você paranóica
gritando no meio de um tráfego
de enlouquecer (coração paulista)
Respiro você paranóica
por todos os poros, seu veneno no ar
me faz viver (coração paulista)
Oh, baby, o que é que me prende a você?
Oh, baby, o que é que me prende a você?
A Noite
(Guilherme
Arantes)
A noite é o reino da calma
reino da pausa, tempo de amar
a noite é tanto prazer
tantos encontros, tanto se dar
a noite é amiga dos homens
na mesa o jantar
a noite é trégua no mundo
seu corpo despido
e junto do meu
a noite é amiga dos homens
na mesa o jantar
a noite é manto sagrado
e UFOS no céu...
Estranho
(Guilherme
Arantes)
Estranho é todo homem
que não se sujeita
a esquerda ou direita
que nunca serve, nunca
se enquadra
e sempre sobra sempre,
de fora à beira, quase,
na boca presa a frase
e a fera sempre à boca
de espera
Estranho é todo homem
cuja alma é nômade
cuja imagem mente
nem bom, nem mau, é um homem
ausente
que sempre sobra, sempre,
de fora, à beira, quase
na boca presa a frase
e a fera sempre à boca de espera
Brasília
(Guilherme
Arantes)
Loucos profetas previram a tua existência
milênio atrás
e nos seus mapas marcaram o centro do mundo
e nele tu estás
todas as lendas que cercam teu nome
jamais lograrão te explicar
nem a política, nem o teu preço
que foi tão penoso pagar
Tuas cidades satélites mostram o quanto
és
uma aberração
vivem à margem da tua luxúria
onde corre
o poder da nação
seitas estranhas proclamam que o teu destino
ainda não se cumpriu
rezam a vinda dos anjos de estrelas cadentes
no céu do Brasil
És a vitrine imponente e ostensiva
de um povo que vive a sonhar
com seu império futuro, tesouro,
presente que Deus vai mandar
Fantoches
(Guilherme
Arantes)
Esta
música
participou do
MPB-Shell 80 da TV Globo
Odeio
fantoches
capachos do chefe
cupinchas do patrão
odeio essa raça
de gente costa-quente
gente falsa
serpente
que se arrasta pelo chão
cara fraco
inseguro
eu já acho feio
puxa-saco
já tô cheio
eu odeio
dedo-duro
S.O.S
(Guilherme
Arantes)
Pra quem é só
falar ou calar, dá no mesmo
tudo é tão objetivo e rápido
ninguém vai ouvir
Alguém que procure amizade
perdido na imensa cidade
alguém fechado no carro
com o som ligado bem alto
Ir à boate ou ver televisão
dá no mesmo
se é ficar sempre no mesmo
isolamento mortal
nas bocas um riso sintético
nas festas os brindes de plástico
e voltar fechado no carro
com o som ligado bem alto
Eu canto aos homens só
que já nasceram sós
e sempre foram sós
com seus sonhos sós
Na riqueza sós
na alegria sós
na miséria sós
na tristeza sós
no escritório ou no estádio,
domingo,
dá no mesmo
se na figura do juiz
está o patrão
palavrões e garrafas vazias
lembranças de esposas sombrias
e voltar fechado no carro
com o som ligado bem alto
Eu canto aos homens sós...
1980
(Guilherme
Arantes)
Eu quero o espaço livre
das cabeças livres
buscar o contato que nos falta
reatar laços, libertar os elos
das traças, dos ratos
e quem deterá tanta imaginação
mistério, magia,
toda a sabedoria
Eu quero o arrepio
mais que o pensamento
mais que o brilho falso,
um sentimento
reatar laços...
Se Você Fizer
Um Som
(Guilherme
Arantes)
Brilha o sol no céu
e a gente a cantar
cai a chuva
e a gente a cantar
ôôôôô a cantar
ôôôôô
e esse canto
muito quer dizer
que há no mundo
muito a se fazer
ôôôôô e cantar
ôôôôô
Se você fizer um som pra iluminar algum
lugar
isso sempre será bom
vai te ajudar a se encontrar
a se encontrar
Coração
Fantoche
(Guilherme
Arantes)
Procuro um emprego decente
que não tire o couro da gente
e que dê pra viver
procuro um cigarro no bolso
um dinheiro que pague
o almoço que eu quero comer
procuro um cinema sem fila
um programa pro fim de semana
um lugar pra eu me esconder
oh baby... o que é que procura você?
(BIS)
Procuro a saída, um remédio
pro tédio da vida
Cê sabe o que eu quero dizer?
procuro encontrar os amigos
nos bares, nos tragos,
beber um pouco de prazer
Procuro manter a distância
de briga, violência e polícia
eu não quero nem saber
Oh baby, o que é que procura você?